terça-feira, 9 de abril de 2013

visão estereotipada e preconceituosa dos evangélicos.


            A reclamação de uma leitora foi impressa na coluna da ombudsman na Folha de 7/4/13 e o blog PARA Entender direito apresenta uma explicação até coerente, porém, na realidade é bem diferente, observe a texto:

Pastor Feliciano x deputado Marco Antônio: 
preconceito ou respeito da mídia?


Vale a pena ouvir os leitores que consideram a cobertura sobre o deputado Feliciano parcial e preconceituosa 

‘Vivemos uma época de patrulhamento. A imprensa elevou o deputado à categoria de pop star. Estou me lixando para ele, mas não concordo com a forma como é tratado. O jornal não cita a profissão de nenhum parlamentar, mas Feliciano é sempre 'pastor', o que impõe uma carga pejorativa à palavra. Há um estereótipo do evangélico repetido à exaustão na mídia’. (Patrícia Marinelli, 41, advogada, São Paulo, SP)”

Na verdade, não é o jornal que se refere à profissão – ou melhor, sacerdócio – do deputado: é ele mesmo.

O site da Câmara indica que seu nome parlamentar é ‘Pastor Marco Feliciano’, ainda que seu nome legal seja Marco Antônio Feliciano (esse é o nome que aparece nos processos judiciais contra ele, por exemplo aqui e aqui). Como o jornal normalmente usa apenas o primeiro e o último nome, acabou ficando ‘Pastor Feliciano’ e não ‘Pastor Marco Feliciano’.

O nome parlamentar é uma opção do candidato, e não da imprensa. Ele escolhe o nome que pensa que melhor o favorecerá nas urnas (óbvio que ele não pode escolher o nome de outra pessoa ou que seja ofensivo à moral ou mesmo ilegal. Algo como ‘Traficante Beira-Mar’ provavelmente seria proibido pela Justiça Eleitoral).

Aliás, há outro deputado que também usa o termo ‘pastor’ em seu nome: Pastor Eurico (PSB/PE). Temos também dois ‘padres’ como deputados: Padre João (nome parlamentar de João Carlos Siqueira) e Padre Ton (nome legal: Máriton Benedito de Holanda). Já o nome parlamentar de José Olimpio Silveira Moraes é Missionário José Olimpio.

Mas não é só termo religioso que pode ser usado como nome parlamentar. É relativamente comum encontrarmos pessoas que se elegeram usando suas profissões como seus nomes parlamentares. O policial Rotógenes Pinheiro de Queiroz foi eleito com o nome com o qual fez fama: Delegado Protógenes. E temos três ‘professores’ como deputados: Prefessor Sérgio de Oliveira, Professor Sétimo e Professora Dorinha Seabra Rezende.

Outros preferem usar títulos. Há oito ‘doutores’ na Câmara (embora nenhum tenha feito doutorado – ou mesmo mestrado – segundo suas biografias oficiais): Dr Adilson Soares (bacharel em direito), Dr Carlos Alberto (bacharel em administração), Dr Grilo (bacharel em direito), Dr Jorge Silva (bacharel em medicina), Dr Luiz Fernando (bacharel em medicina), Dr Paulo César (bacharel em medicina), Dr Rosinha (bacharel em medicina), Dr Ubiali (bacharel em medicina e em contabilidade).

Alguns preferem os nomes artísticos ou como se tornaram conhecidos em seus esportes. Acelino Popó (nome parlamentar de Acelino de Freitas), Romário (Romário de Souza Faria), e Tiririca (Francisco Everardo Oliveira Silva), por exemplo.

Outros preferem usar o próprio nome, mas no diminutivo. Temos, por exemplo, dois deputados ‘Edinhos’ (Edinho Araújo e Edinho Bez), um Miriquinho Batista (nome legal: Esmerino Neri Batista Filho), dois Zés (Zé Geraldo e Zé Vieira), um Zeca (Dirceu), um Zequinha (Marinho) e outro Zezéu (Ribeiro).

E não é necessário sequer um sobrenome. Os deputados Adrian, Aureo, Biffi, Deley, Giacobo, Giroto, Izalci, Lauriete, Manato, Mandetta, Marcon, Paulão, Penna, Policarpo, Reguffe, Takayama, Tiririca, Vicentinho, Vilalba e Zoinho (isso mesmo, sem sobrenomes), além dos já citados Dr Grilo, Dr Rosinha, Dr Ubiali e Romário, são os nomes parlamentares escolhidos pelo brasileiros Adrian Mussi Ramos, Aureo Lidio Moreira Ribeiro, Antonio Carlos Biffi, Wanderley Alves De Oliveira, Fernando Lúcio Giacobo, Edson Giroto, Izalci Lucas Ferreira, Lauriete Rodrigues Pinto, Carlos Humberto Mannato, Luiz Henrique Mandetta, Dionilso Mateus Marcon, Paulo Fernando dos Santos, José Luiz De França Penna, Roberto Policarpo Fagundes, José Antônio Machado Reguffe, Hidekazu Takayama, Frank Alencarisco Everardo Oliveira Silva, Vicente Paulo da Silva, Zacarias Vilharba e Jorge De Oliveira, Rodrigo Moreira Ladeira Grilo, Florisvaldo Fier, Marco Aurélio Ubiali e Romário de Souza Faria, respectivamente.

Outros preferem usar nomes parlamentares que não fazem qualquer referência a seus nomes reais. O deputado Chico das Verduras é o nome do ‘carpinteiro, empresário e motorista’ Francisco Vieira Sampaio.

Enfim, referir-se ao Pastor Feliciano não é preconceito, é apenas usar o nome parlamentar escolhido pela própria pessoa. Preconceito seria recusarmos a usar seu nome parlamentar escolhido por alguém apenas porque torcemos o nariz para seu sacerdócio, opção religiosa, origem artística ou título acadêmico que almeja ter.
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Voltei:

        De notar, que há uma massificação, mesmo que de forma subliminar, no uso do termo pastor, pois embora em muitos noticiários não seja perceptível, cada meio de comunicação e/ou jornalista tem sua subjetividade em dar enfase sobre qual a "verdadeira" função do homem que tem a ocupação de parlamentar.Ou seja, é como se mandassem uma mensagem cerebral ao leitor/telespectador/ouvinte dizendo: "Ele NÃO age como um representante do povo e sim como um religioso ou outra coisa qualquer...temos que ter cuidado,vamos fazer algo, para freia-lo". Ressalto, entretanto, que isso não acontece somente nesse caso especifico, mas em tudo que for relacionado a algo que srja considerado ameaça de poder.